Assim como o ser humano individualizado, os grupos, as famílias são também produtos de uma sociedade num dado momento histórico. Estas são influenciadas pelas relações de produção, pelas organizações econômicas, políticas, jurídicas e ideológicas da classe dominante.
A história das mulheres é uma narrativa de avanços e recuos. Em determinados períodos históricos, elas adquiriram direitos formais e informais que, em outros períodos foram perdidos. Podemos dividir a condição feminina ao longo do tempo, situando-a em linhas gerais até o século XVIII, para então, fazer uma análise mais aprofundada.
Na Pré-história, antes mesmo, da organização social sedentária existir, já havia uma diferenciação dos sexos. Com a “invenção da maternidade”, a mulher passa a ser reverenciada. Durante a Antiguidade, com a sedentarização e o envolvimento dos homens nas guerras, a mulher ficou reclusa ao espaço doméstico. O que serviu não só pra desvalorizar este trabalho, mas a própria condição feminina. Essa condição só foi acentuada durante a Idade Média, quando a mulher tem seu prazer suprimido, “castrado”.
A família burguesa surge na Europa em medos do século XVIII, rompendo com os padrões familiares vigentes. É a primeira classe que define família como sendo um grupo formado por um homem, uma mulher e os filhos do casamento. Há neste período um fechamento da família em si mesma, onde homens e mulheres têm funções e espaços bem definidos. O espaço dela é a casa, já que a responsabilidade sobre a administração do lar e a criação dos filhos, vulneráveis e necessitados de um treinamento emocional a longo prazo, é desta mãe idealizada. Porém o espaço dele é fora de casa, no mundo dos negócios, onde predomina a frieza, o calculismo, a competição e a busca pelo sucesso. E se estas habilidades “naturais” são inerentes ao masculino, o lar passou a ser o espaço da emoção, do amor romântico, da harmonia, enfim do paraíso.
Este tipo de família também estabelece nos padrões de sexualidade. No casamento fica estabelecida uma clara separação entre afetividade e sexualidade. A sexualidade feminina ficou restrita ao casamento, e tendo como objetivo a procriação, a mulher não tem direito ao prazer, já que é improvável que uma vida caracterizada pelo trabalho doméstico árduo e contínuo conduza à paixão sexual. Aos homens é dada a oportunidade de se envolverem em ligações extraconjugais com maior frequência com a amante ou com prostitutas. As mulheres, esposas, são consideradas “angelicais”, submetidas a um confinamento da própria sexualidade, símbolo da mulher “responsável”.
Sob a pressão de uma classe dominante que utiliza-se de vários e eficientes instrumentos para impor seus padrões (Igreja, Escola, meios de comunicação), que de uma maneira subliminar, ou não, induzem e reforçam a cultura masculina. Na produção de programas de entretenimento, músicas, folhetins, novelas, livros para mulheres, etc., há uma reafirmação desse ideal feminino de conseguir um bom partido, casar de véu e grinalda e ter a possibilidade concreta de realização de seus sonhos melosos de maternidade. Nesses meios, as mulheres heroínas são aquelas que tem como preocupação central o amor e os filhos, usam mais o coração que o cérebro par resolver os problemas. As mulheres racionais são quase sempre colocadas como as malvadas ou infelizes. E para se tornarem felizes precisam se entregar a um grande amor (no sentido romântico).
Nos períodos de guerra, quando os homens saem para os combates, as mulheres ocupam os espaços fabris destes, em busca do sustento de si e dos filhos. Na volta de seus maridos, muitas delas não querem mais se subordinar aos comandos masculinos, menos ainda ao império do lar.
Essa ruptura se concretiza com as lutas sociais por melhores condições de trabalho das classes subalternas, o surgimento dos movimentos feministas e a chamada revolução sexual.
Atualmente, as novas formas de relações conjugais e domésticas sugerem um novo modelo de feminilidade, o da “mulher liberada”. Ela conquistou os mesmos direitos e deveres dos homens no que tange o trabalho e a vida política-social. Porém, sua remuneração é diferente e sua jornada de trabalho aumentada pelos afazeres domésticos, após um dia exaustivo de labuta.
Assim sendo, muitas ainda sonham melosamente com o príncipe encantado, rico, que virá num cavalo branco para libertá-la dessa vida laboriosa.
Concluímos então, que o “declínio do amor romântico” só foi possível a partir do momento em que as mulheres começaram a ocupar espaços sociais, antes tidos como masculinos, fazendo valer suas opiniões e desejos, lutando por direitos e lentamente modificando relações e construções sociais que as inferiorizava, deste modo feminizando o social.
A história das mulheres é uma narrativa de avanços e recuos. Em determinados períodos históricos, elas adquiriram direitos formais e informais que, em outros períodos foram perdidos. Podemos dividir a condição feminina ao longo do tempo, situando-a em linhas gerais até o século XVIII, para então, fazer uma análise mais aprofundada.
Na Pré-história, antes mesmo, da organização social sedentária existir, já havia uma diferenciação dos sexos. Com a “invenção da maternidade”, a mulher passa a ser reverenciada. Durante a Antiguidade, com a sedentarização e o envolvimento dos homens nas guerras, a mulher ficou reclusa ao espaço doméstico. O que serviu não só pra desvalorizar este trabalho, mas a própria condição feminina. Essa condição só foi acentuada durante a Idade Média, quando a mulher tem seu prazer suprimido, “castrado”.
A família burguesa surge na Europa em medos do século XVIII, rompendo com os padrões familiares vigentes. É a primeira classe que define família como sendo um grupo formado por um homem, uma mulher e os filhos do casamento. Há neste período um fechamento da família em si mesma, onde homens e mulheres têm funções e espaços bem definidos. O espaço dela é a casa, já que a responsabilidade sobre a administração do lar e a criação dos filhos, vulneráveis e necessitados de um treinamento emocional a longo prazo, é desta mãe idealizada. Porém o espaço dele é fora de casa, no mundo dos negócios, onde predomina a frieza, o calculismo, a competição e a busca pelo sucesso. E se estas habilidades “naturais” são inerentes ao masculino, o lar passou a ser o espaço da emoção, do amor romântico, da harmonia, enfim do paraíso.
Este tipo de família também estabelece nos padrões de sexualidade. No casamento fica estabelecida uma clara separação entre afetividade e sexualidade. A sexualidade feminina ficou restrita ao casamento, e tendo como objetivo a procriação, a mulher não tem direito ao prazer, já que é improvável que uma vida caracterizada pelo trabalho doméstico árduo e contínuo conduza à paixão sexual. Aos homens é dada a oportunidade de se envolverem em ligações extraconjugais com maior frequência com a amante ou com prostitutas. As mulheres, esposas, são consideradas “angelicais”, submetidas a um confinamento da própria sexualidade, símbolo da mulher “responsável”.
Sob a pressão de uma classe dominante que utiliza-se de vários e eficientes instrumentos para impor seus padrões (Igreja, Escola, meios de comunicação), que de uma maneira subliminar, ou não, induzem e reforçam a cultura masculina. Na produção de programas de entretenimento, músicas, folhetins, novelas, livros para mulheres, etc., há uma reafirmação desse ideal feminino de conseguir um bom partido, casar de véu e grinalda e ter a possibilidade concreta de realização de seus sonhos melosos de maternidade. Nesses meios, as mulheres heroínas são aquelas que tem como preocupação central o amor e os filhos, usam mais o coração que o cérebro par resolver os problemas. As mulheres racionais são quase sempre colocadas como as malvadas ou infelizes. E para se tornarem felizes precisam se entregar a um grande amor (no sentido romântico).
Nos períodos de guerra, quando os homens saem para os combates, as mulheres ocupam os espaços fabris destes, em busca do sustento de si e dos filhos. Na volta de seus maridos, muitas delas não querem mais se subordinar aos comandos masculinos, menos ainda ao império do lar.
Essa ruptura se concretiza com as lutas sociais por melhores condições de trabalho das classes subalternas, o surgimento dos movimentos feministas e a chamada revolução sexual.
Atualmente, as novas formas de relações conjugais e domésticas sugerem um novo modelo de feminilidade, o da “mulher liberada”. Ela conquistou os mesmos direitos e deveres dos homens no que tange o trabalho e a vida política-social. Porém, sua remuneração é diferente e sua jornada de trabalho aumentada pelos afazeres domésticos, após um dia exaustivo de labuta.
Assim sendo, muitas ainda sonham melosamente com o príncipe encantado, rico, que virá num cavalo branco para libertá-la dessa vida laboriosa.
Concluímos então, que o “declínio do amor romântico” só foi possível a partir do momento em que as mulheres começaram a ocupar espaços sociais, antes tidos como masculinos, fazendo valer suas opiniões e desejos, lutando por direitos e lentamente modificando relações e construções sociais que as inferiorizava, deste modo feminizando o social.
* escrito pra os "cadernos de gênero", do mst.
2 comentários:
ô me-nina!
que coisa boa um texto dessa qualidade falando desse assunto tão sério, caraca.
parabéns pelo espaço, já vou acompanhar.
"As mulheres racionais são quase sempre colocadas como as malvadas ou infelizes. E para se tornarem felizes precisam se entregar a um grande amor (no sentido romântico)."parece mesmo uma antítese: ser mulher e ser racional ao mesmo tempo... e infelizmente, ninóca, tudo isso ainda predomina na sociedade, subliminarmente.
beijo frô =)
Excelente! - temática e abordagem.
Beijos,
Lou
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